PÍLULA DE RECOMEÇO: TRAIÇÃO

Traição dói. Dói tanto que é comparada a uma facada, uma espada enfiada no coração. Às vezes nem é dor que a gente sente, é mais como um choque, o peito trava, a respiração não vem, nos falta o ar, a garganta aperta e tranca o grito. As têmporas latejam e as ideias ficam confusas. Nossos instintos assassinos mais perversos abrem a jaula, eclodem das sombras e vêm parar na palma da nossa mão. É preciso ter muito sangue frio para não esquartejar o traidor nessas horas.

Ser traída nos joga no fundo do poço. Autoestima? Poço. Riso? Poço. Autoconfiança? Poço. A gente fica deitada lá no lodo, chafurdando, enquanto uma chuva de todas as coisas boas que acreditávamos estar vivendo cai sobre nós feito granizo, machucando nossa pele. Ah, você pensou que ele só tinha olhos pra você? Toma. Achou que era especial e única? Toma.

A água da insegurança vai subindo, nos afogando em incertezas: quem é ela, será que é mais bonita, melhor de cama, será que fiz alguma coisa errada, o que ela tem que eu não tenho? E de repente “a outra” vira a Mulher Maravilha e tudo o que pensávamos ser, nossa opinião sobre nós mesmas, desmorona. Pior: viramos nossas próprias algozes.

A traição nos pune por algo que sequer sabíamos que tínhamos culpa. Nos amarra em nossas fantasias mais perversas e inicia o martírio: eu fiz isso, deixei de fazer aquilo, se eu tivesse xis, se eu não tivesse ípsilon, mea culpa, mea culpa.

Pare.

Pare já. Preste atenção no que vou te falar agora: você não tem culpa. Eu sei, é difícil, até a sociedade diz que a culpa é sempre a mulher. Não acredite. A mãe dele, a sua mãe, vozes de familiares, dedos apontados, um combo de argumentos que afirmam que, se o cara procurou outra, é porque não fomos suficientes. Alguma coisa fizemos, está faltando algo em nós. Como pensar diferente?

Creia-me: essa crença é cultural. Foi imposta a nós para que nos mantivéssemos caladas, conformadas, resignadas, não-reativas. Não se traia. Olhe para você mesma com olhos de amor. Invoque a clareza que o momento requer: o que o outro fez ou faz, é do outro. A decisão é dele, o passo em falso é dele, a responsabilidade e as consequências dos atos dele são dele. Os porquês dele não te pertencem. Liberte-se.

Cuide de você. Acredite em você. Pegue a sua dor no colo, ela sim é sua e merece a sua atenção. Trate-se bem, com carinho, não perca um neurônio sequer confabulando o que foi e como poderia ter sido. Nada mais importa, o que está feito, está feito. Só o que importa é o que você vai fazer com o que fizeram com você.

Seja gentil, nutra em si mesma sentimentos nobres e amorosos. Inclusive, deseje o bem. A ele, a ela, a eles. A melhor resposta a uma traição é o amor. O autoamor. O outro se retirar da nossa vida significa um presente: podemos nos dedicar mais a nós mesmas. Aproveite essa maravilhosa oportunidade. Respire. Acalme seu coração. Sua vida não será a mesma, será MELHOR, após uma traição.

Estamos juntas. E seguimos de mãos dadas. Vem comigo, inscreva-se no Grupo da Fórmula do Recomeço, um oásis para nos banharmos e nos livrarmos das culpas nossas, que não nos pertencem, de cada dia.

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Um beijo!