“Eu me sinto um cachorro que caiu do caminhão de mudança”, confessou-me uma amiga recém-separada. Achei perfeita a analogia. É bem assim que a gente se sente quando sai de um relacionamento: perdida.
Deixamos pra trás uma casa montada, com todas as referências, rotinas e memórias no lugar, e de repente estamos lá, de pé na caçamba, chacoalhando na estrada cheia de pedregulhos e incertezas, sem amortecedor para suavizar a travessia e a dor no peito, comendo poeira e o pão que o diabo amassou, entre entulhos emocionais e coleiras que já não servem mais para nos guiar na nova vida. Como sobreviver?
Paf. Que tombo! Tudo é novo e desafiador. Os cheiros, os caminhos, as pessoas, a dinâmica familiar, a forma de se comportar… tem até uns aplicativos com menus de gente aí, que só de imaginar fazer parte você já solta uns ganidos. Cada convite para sair é aquele frio na barriga, “se eu mostrar os dentes, será que vão achar que estou rosnando?”. Nem sorrir sabemos mais.
Você já se sentiu assim?
Calma. Feche os olhos. Respire fundo. Deixe o caos se afastar. Tem uma frase que eu amo, diz assim: “Quando as coisas não parecem estar indo do jeito que quero, me livro da fixação que tenho por como acho que elas devem ser, confiando no fato de que não estou vendo a situação como um todo, e se eu a conhecesse, entenderia que há um motivo para que as coisas se desenrolem do jeito que tem que ser e o Universo tem um plano pra mim muito maior do que qualquer coisa que eu possa ter concebido”.
Confie. Vai dar tudo certo. Eu sei, não é fácil. Faz tempo que você está desconectada de si mesma e de seus instintos. Andar sem saber para onde ir parece não fazer sentido e nessas horas, é normal sentir pânico, cansaço, desânimo. Fome de certezas. Mas acredite, há um mundo novo para ser desbravado dentro e fora de você. Erga as orelhas, sintonize sua intuição. Apure o olfato, sinta. Alongue-se, sacuda a poeira. Balance o rabinho. Siga em frente.