Do latim, animus. A taberna dos pensamentos, das ideias, da vontade, das emoções, do caráter. Um lugar onde o RACIONAL e o EMOCIONAL se encontram para confraternizar. Fixam olho no olho, brindam, traçam planos. Enchem-se de coragem. E partem para a ação.
Amores e territórios foram conquistados graças a esses encontros de lavar a alma, regados a decisões e, como não poderia deixar de ser, animação. É uma coisa assim, de dentro pra fora.
Segundo o Dicionário Etimológico, quando a palavra passou para o Português, ânimo ganhou conotação de motivação, descrevendo o “estado dos sentimentos”, não mais a mola propulsora que move o mundo, nossa força vital. A pessoa diz “estou sem ânimo”, como se isso fosse possível. Em suma, tornou-se consequência, não causa. É uma mudança sutil, mas que enxergo fazer toda a diferença. E certo estrago na vida da gente.
É por causa dessa mudança que as pessoas consomem desesperadamente a opinião alheia. Roupas, tratamentos estéticos, likes nas redes sociais. Aguardam um motivo, que muitos confundem com “propósito”, para saírem da inércia.
É como se a emoção e a razão estivessem agora numa corrida de revezamento, uma passa o bastão da atividade, mas a outra recebe o da passividade. Não consegue chegar ao final da corrida, porque espera que alguém ou algo vença por ela. E que, na linha de chegada, tenha uma banda tocando, cheerleaders rebolando, flores, troféus.
Lamento ser o arauto da realidade: a vida não é assim.
Não há soluções milagrosas para os problemas do dia a dia. Coaching, livros, cursos, terapias, estímulos externos, tudo é muito bem-vindo como construção, como tijolo da sua taberna. Digamos que são os tênis da corrida, mas quem move as pernas é você. A maratona é sua. A responsabilidade pela sua vida também. Não dá pra delegar.
Tenho visto no Grupo da Fórmula do Recomeço muitas mulheres desabafando por estarem se sentindo “desanimadas”. Sim, crises são dolorosos desafios. E é para isso que estamos juntas, para darmos suportes umas às outras. Para, com as nossas histórias e trocas, gerar empatia, inspiração. E é aí que a tênue linha da mudança se desenha.
Inspiração vem de fora, vem de inspirar, colocar pra dentro ar, renovação. Animação vem de dentro, é força vital, vida. Está viva? Então há animus. Você consegue perceber a diferença? Esperar do mundo, vitimiza. Agir, protagoniza. De nada serve a ajuda alheia sem autoajuda. Que tal você ser a primeira a se ajudar?