Vou tomar a liberdade de compartilhar aqui uma resposta que dei a uma viúva do nosso Grupo da Fórmula do Recomeço. Só quem passa por uma perda assim sabe o tamanho da sua dor. E o quão difícil é ser obrigada a recomeçar com a presença viva daquele que se foi dentro de si. Dói demais.
Eu perdi meu pai aos 15 anos (ele tinha 45) e lembro que, na época, minha mãe, ainda jovem (48 anos) dizia: “Eu saio para me distrair, não para me divertir”.
Ela não via graça na vida, porque estava tão machucada que nem sempre o riso suplanta a lágrima. Mas o que me marcou foi a perserverança em não sucumbir, o não entregar-se à dor. Ela se levava para passear porque isso gerava um alívio momentâneo na faca cravada em seu coração.
É difícil sorrir quando se está triste, mas a tristeza é mais triste quando não se sorri.
É difícil levantar da cama quando não se quer mais viver, mas o querer viver só retorna à nossa vida quando levantamos da cama.
É difícil cozinhar, levar os filhos na escola, fazer lista do supermercado, encontrar um sentido na rotina, é difícil encontrar os amigos e até tomar banho quando a imensa dor de uma perda chove em nós. Mas é preciso chuva para germinar. E para germinar, precisamos plantar uma semente: a da esperança de dias melhores.
Que bom que você está aqui. Tantas mulheres sol, tantos regadores, tanto terreno adubado com carinho para você florescer.
Respire. Tudo a seu tempo. Eu sei que nada do que as pessoas digam nessas horas (e em qualquer tipo de separação amorosa) faz a dor diminuir. Mas espero do fundo do meu coração que você consiga se levar para passear. E que o sorriso te reencontre num desses passeios. Te abrace. E resolva ficar.
São lindas as flores deste jardim, o Grupo da Fórmula do Recomeço. Um espaço para você desabrochar a sua melhor versão.