Comigo, acontece um fenômeno interessante. Quando estou num relacionamento e o outro está focado em mim, minha tendência é ser absorvida pelo olhar do outro e, me sentindo desejada e amada, foco nele. Aos poucos, estou focada mais nele do que em mim.
Isso não quer dizer que eu não me goste ou me diminua, somente que a percentagem de foco ( = dedicação) desvia e acabo envolvida na vida do outro, nas questões do outro. Acho que toda mulher é meio assim.
Mas os homens não são.
Os homens são o contrário. Quando estamos focadas em nós mesmas, eles estão focados em nós. Na medida em que começamos a focar neles, adivinha? Eles também começam a, em si mesmos, focar! Os homens são conduzidos pelo olhar da mulher: se elas olham pra si, eles olham pra ela. Se elas olham pra eles, eles olham pra si.
Assim, deduzi uma “fórmula de relacionamento”:
Etapa 1: Mulher focada nela = homem focado nela
Etapa 2: Homem focado na mulher = desvia o foco, ela passa a se sentir amada e foca na fonte desse amor
Etapa 3: Mulher desfoca dela, foca no homem = homem desfoca da mulher
Etapa 4: Homem foca em si mesmo = mulher se sente desamada
Etapa 5: Mulher triste, desfocada de si mesma = homem se afasta e busca outra mulher focada nela mesma
É muito tênue essa mudança de foco. Mas ela ocorre gradualmente e, se não prestarmos atenção e corrigirmos o curso, ela pode ruir um relacionamento, feito cupim quando se instala na madeira se não for tratado a tempo (e com certa urgência). Nunca subestime o poder de destruição de um olhar desviado erroneamente.
O aprendizado (e desafio) é equilibrar a entrega ao outro e manter o foco em si mesma. Porque, ao desfocar de si, uma mulher se enche de desgosto. Perde o brilho. E o olhar do outro sobre si. Cá entre nós, homem bom é homem interessado. Nosso desejo acende com o desejo dele. Nosso sorriso se abre com atenções, afetos, gentilezas e elogios recebidos. Dizem que sem tesão não há solução, eu diria que é sem reciprocidade. Murchamos.
Então, quando meu parceiro começa a se desinteressar e eu sinto isso, volto a focar em mim mesma. Mas há certa mágoa nesse processo, afinal, estava tão bom estar na nele, me sentindo amando e sendo amada! Volto a focar em mim, inicialmente, com ranço. Sem vontade nenhuma de me dar outra vez. Aliás, não quero nem saber que ele existe. Não sinto raiva, nem nada. É uma espécie de desinteresse. Apatia. E aí é a vez dele de não se sentir amado.
Um ciclo dos infernos.
Do lado feminino: gosto, mas não sei se gosto tanto. Do masculino: gosto, mas não sei se desejo mais. Rola um afastamento mútuo, o tempo fica em suspenso, pois a relação não é mais o que um dia foi, nem sabemos o que será. Se não houver um trabalho de resgate e muita conversa, eis a sombra da separação. O que fazer?
Dizem que se conselho fosse bom, não se dava: se vendia. Mas vou dar o meu mesmo assim: Nunca, jamais, em hipótese nenhuma desfoque de si mesma.
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